Texto
Bíblico
"Mas
o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei" (Gálatas 5:22 e 23)
INTRODUÇÃO
O
fruto do Espírito é a expressão da natureza e do caráter de Cristo através do
crente, ou seja, é a reprodução da vida de Cristo no crente. Por si só, o homem
não tem condições de produzir o fruto do Espírito. Sua inclinação natural será
sempre de produzir os frutos da carne. Contrastando com os frutos (ou obras) da
carne, o fruto do Espírito possibilita ao autêntico cristão viver de modo
íntegro diante de Deus e dos homens. É necessário que o crente se submeta
incondicionalmente ao Espírito Santo. O '...Fruto...' de Gálatas 5:22,
conceituado como 'expressões do caráter cristão', está no singular
provavelmente por tratar-se de uma única notável virtude implantada pelo
Espírito Santo de uma só vez no crente.
É
através do fruto do Espírito que o cristão participa da natureza divina.
I. A NATUREZA DO FRUTO DO
ESPÍRITO
O
que representa e em que consiste o fruto do Espírito na vida do crente? O fruto
do Espírito consiste nas nove virtudes ou qualidades da personalidade de Deus
implantadas pelo Espírito de Verdade no interior do crente com a finalidade de
conduzi-lo à perfeição, ou seja, à imagem de Cristo. Em suma, os frutos do
Espírito representam os atributos de Deus; os traços do seu caráter. O crente
precisa absorvê-lo com a ajuda do Espírito Santo. O fruto tem sua manifestação
na vida interior, vem de dentro para fora, é o desenvolvimento da semente que
caiu em boa terra e produz para a glória de Deus.
a. O
fruto do Espírito representa 'expressões do caráter cristão':- O caráter
cristão verdadeiro expressa-se no fruto do Espírito que é resumido no amor. Do
amor surgem todos os demais atributos de Deus que são desenvolvidos no crente
pelo Espírito Santo que nele habita. É por isso que o amor aparece encabeçando
a lista das virtudes cristãs geradas pelo Espírito de Deus, por ser a fonte
originária de todas as demais virtudes.
b. O
fruto do Espírito representa a maturidade cristã: - O Espírito Santo produz o
fruto do caráter cristão em nossa vida somente à medida que cooperamos com Ele.
As línguas, a profecia, e até mesmo o conhecimento são úteis, e são dons
maravilhosos do Espírito Santo, mas sua presença em nossa vida nem sempre é uma
indicação de nossa maturidade cristã. A medida de nossa maturidade em Deus,
depende de quão bem temos permitido que o Espírito Santo produza os traços do
caráter de Jesus em nossa vida. A maturidade espiritual envolve melhor
entendimento do Espírito de Deus e das necessidades das pessoas. 'O fruto do
Espírito é resultado na vida dos que participam da natureza divina, ou seja,
dos que estão ligados a Cristo a 'videira verdadeira' (João 15:1 a 5).
Maturidade em Cristo envolve união com Ele; a limpeza ou a poda pelo Pai e a
frutificação. Estas são as condições da frutificação e conseqüente vida cristã
vitoriosa.
II.
VIRTUDES OU QUALIDADES DO FRUTO DO ESPÍRITO
a. Qualidades
universais:- Amor, alegria e paz. São virtudes direcionadas ao nosso
relacionamento com Deus.
(1) Amor:-
A palavra 'amor' neste trecho das Escrituras é a tradução da palavra grega
'ágape'. Este é amor que flui diretamente de Deus. 'O amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado' (Rm 5:5). É
um amor de tamanha profundidade que levou Deus a dar seu único Filho como
sacrifício pelos nossos pecados (Jo 3:16). É o amor de Jesus por nós: 'conhecemos
o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a nossa pelos
irmãos (leia Jo 3:16; 15:2 a 13).
É
muito fácil amar os seus entes queridos, como os pais, filhos esposos,
parentes, amigos, esposas, etc. Mas, somente pelo Espírito Santo, você é capaz
de dedicar o amor aos seus inimigos, de tal forma que lhes deseje o bem e
perdoe as suas ofensas, de todo o coração, para jamais se lembrar delas.
(2) Gozo
ou alegria: - Trata-se daquela qualidade de vida que é graciosa e bondosa,
caracterizada pela boa vontade, generosa nas dádivas aos outros, resultante de
um senso de bem-estar, sobretudo de um bem-estar espiritual, por causa de uma
correta relação com Deus. Apesar das dificuldades financeiras, das
enfermidades, das calunias, pela atuação do Espírito Santo, o crente está cheio
de gozo em sua alma, como os apóstolos Paulo e Silas, presos injustamente, por
causa do evangelho. Em vez de murmurarem, cantavam e oravam. Leia At 16:25.
(3) Paz:
- Trata-se de uma qualidade espiritual produzida pela reconciliação, pelo
perdão dos pecados e pela conversão da alma transformada segundo a imagem de
Cristo (Rm 12:18). Leia Rm 5:1.
A
queda do homem no pecado destruiu a paz com Deus, com outros homens, com o
próprio ser, com a própria consciência. Foi por meio da instrumentalidade da
cruz que Deus estabeleceu a paz (Cl 1:20).
O
crente vive no meio da violência que gera insegurança e medo nas pessoas, mas
essa virtude do Espírito lhe concede tranquilidade e confiança.
b. Qualidades
sociais: - Longanimidade, benignidade e bondade. São virtudes direcionadas ao
relacionamento entre os cristãos.
(1) Longanimidade:
- É uma qualidade atribuída a Deus. Ele tem tolerado pacientemente todas as
iniquidades do homem. Não se deixando levar pela ira nem pelo furor, manifesta
seu amor, bondade e misericórdia; não usando sua justa indignação. De nós, os
crentes, é esperado que nossas relações com os outros homens se caracterizem
pela longanimidade do mesmo modo que Deus tem agido conosco. Leia 2 Co 6:6; Cl
1:11; 3:12.
Se
Deus não fosse misericordioso e longânimo para conosco teríamos sido
imediatamente consumidos.
(2) Benignidade:
- Benignidade no original grego significa 'bondade' ou 'honestidade'. O crente
que possui esta virtude é afável e gentil para com seus semelhantes não se
mostrando inflexível e amargo. Deus é a fonte dessa qualidade e Cristo o melhor
exemplo. Ele foi uma pessoa imensamente gentil, conforme o evangelho o retrata.
Essa virtude torna o crente benigno, desejoso do bem a todos, principalmente
para os seus inimigos.
(3) Bondade:
- Representa a generosidade que flui de uma santa retidão dada por Deus. Se
antes você praticava o mal, agora é bom para todos, sem acepção de pessoas.
c. Demais
qualidade: - Fidelidade, mansidão e temperança ou domínio próprio.
(1) Fé
ou fidelidade: - No original grego significa tanto 'confiança' quanto
'fidelidade'. A fé aqui indica a confiança em Jesus Cristo (Ef 2:8 e 9).
Mediante esta qualidade do fruto, podemos alcançar a medida total da plenitude
de Cristo (Ef 4:13). À medida que esse fruto amadurece em nós, nossa confiança
em Deus é fortalecida. A fé não produto humano; ocorre através da operação
divina e consiste em confiança plena de alma em Cristo resultante de uma
experiência com Ele. É a certeza de que Deus existe e está sempre conosco para
nos dar a vitória.
(2) Mansidão: - Trata-se de uma
submissão do homem para com Deus, e em seguida, para com o próprio homem. A
mansidão é o resultado da verdadeira humildade, que nos leva ao reconhecimento
do valor alheio e a recusa de nos considerarmos superiores. Jesus disse:
'Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra' (Mt 5:5).
Essa
virtude torna você manso e calmo, quando antes era agressivo e se irava por
qualquer coisa que o contrariava.
(3) Temperança:
- Parece ser o somatório de tudo. Quem a possui, tem o domínio próprio.
(a) Nas
palavras: - Há um ditado popular que afirma: 'Não devemos falar o que sabemos,
mas sim, sabermos o que falamos'. Isto é o que se pode chamar de sobriedade,
domínio próprio. Leia Tg 3:2.
Encontramos
nas Escrituras Sagradas diversos exemplos de pessoas mal sucedidas, porque
falaram demais. Miriã e Arão, irmãos de Moisés, o criticaram, por ter se casado
com uma estrangeira. Deus, então os castigou. Ela por ser a mentora da crítica,
ficou leprosa por sete dias e ambos perderam o direito de entrar na terra
prometida.
(b) Nas
ações: - Quatro jovens judeus, levados cativos para a babilônia, foram
escolhidos por Nabucodonosor para realizarem um curso, e depois servirem ao
governo caldeu. O rei ordenou que os alimentasse com todas as iguarias da mesa
real. Daniel e seus companheiros propuseram em seus corações (leia Dn 1:8).
Solicitaram então, ao despenseiro que lhes fornecesse apenas legumes durante
dez dias. Se após este período. Seus semblantes estivessem abatidos, aceitariam
o manjar do rei. No entanto, se apresentassem bom estado de saúde, continuariam
com a refeição escolhida por eles até o final daquele treinamento. Após aquele
período de dez dias, seus semblantes eram melhores do que os dos demais jovens.
Por isso continuaram com aquela alimentação, à base de legumes, até o final do
curso. Esta é uma demonstração de força de vontade, temperança e sobriedade dos
quatro judeus.
(c) Nos
pensamentos: - Por falta de domínio próprio, Davi cedeu a tentação que o
naufragou no pecado e o fez pagar as consequências pelo resto da vida. Era a
época em que os reis saíam para a guerra. No entanto, ele passeava no terraço
de sua casa real. Seu pensamento vagava distante, em busca de algo que
satisfizesse o seu ego. Repentinamente, deparou-se com uma cena que o devorou,
como uma labareda de fogo a consumir algo inflamável: uma mulher banhava-se,
nua, no quintal de sua casa. A chama da sensualidade acendeu o desejo incontido
no coração do rei de Israel de possuí-la. Quando percebeu o que fizera, já era
tarde demais: havia se deitado com ela e tinha ordenado a morte de seu marido.
Tudo isso aconteceu por falta do auto controle do pensamento que o levou a
cometer aquela loucura. Leia 2 Sm 11:1 a 4.
O
crente deve sempre ocupar-se com coisas boas. E a melhor terapia é ler a
Bíblia, cantar hinos de louvor ao Senhor, visitar os novos convertidos,
desviados e enfermos. A Palavra de Deus também nos recomenda que devemos fugir
da aparência do mal (1 Ts 5:22). Só assim venceremos as tentações e manteremos
a nossa sobriedade. Onde você estiver: no trabalho, na igreja, no ônibus, etc.
Pense nas coisas celestiais e viva com Jesus, vitoriosamente.
Conclusão
Muitos
crentes pensam ser possível cultivar somente algumas das manifestações do fruto
do Espírito, negligenciando outras. Não é possível ser crente completo quando
em nossas vidas faltam vários elementos que formam o fruto do Espírito. Se eu
tiver amor e não tiver fé, não sou completo; se eu tiver todas as demais
manifestações e for intemperado, não estou seguindo a vontade do Pai. O fruto
do Espírito forma em suas manifestações um conjunto harmônico: faltando uma, as
demais estão todas prejudicadas. se formos enxertados na videira, é claro que o
fruto deve ser uvas. Ora, um cacho de uvas amputado, com a falta de algumas
uvas, é um cacho incompleto, imperfeito. Se a videira é perfeita, é lógico que
os frutos e as folhas o sejam também.
QUESTIONÁRIO
1.
Em que consiste o fruto do Espírito na vida do crente?
2.
Quais são as qualidades universais do fruto?
3.
Quais são as qualidades sociais do fruto?
4.
De que forma Deus tem mostrado a sua longanimidade?
5.
Qual a principal característica de quem possui a temperança?